sábado, 15 de outubro de 2016

Emoção, segundo Wallon


Os estudos de Wallon buscam entender o sujeito em sua completude, pois para ele é difícil dissociar as áreas ligadas ao intelecto da afeição e do movimento no que tange o estudo do desenvolvimento humano. Segundo o autor, entende-se como afetividade os sentimentos de ordem psicológica tidos como “ponto central para a construção da pessoa”, já as emoções representam um campo da afetividade cuja causa é orgânica, ou seja, em um primeiro momento sua manifestação não é racional, apenas uma resposta do corpo a impulsos e espasmos.
A teoria Walloriana diz  que o sujeito é um ser social modelado através da relação com os seus familiares e com a sua cultura, tendo a emoção um papel pertinente na construção dessas relações. Além disso, ele também é biológico sendo seu o desenvolvimento físico afetado pelas emoções uma vez que estas alteram a sua respiração, seus os batimentos cardíacos e, consequentemente, o seu tônus muscular. Esse movimento de reciprocidade entre emoção e o movimento do corpo são condições essenciais para o desenvolvimento do sujeito. Segundo o autor, “o corpo toma forma e consistência através das emoções”.
Em um primeiro momento, as emoções do sujeito são meramente orgânicas, ou seja, são frutos de espasmos e reações de um corpo em desenvolvimento. Por exemplo, o espasmo do intestino nos primeiros meses de vida da criança provoca o seu choro, mas ela não tenciona fazê-lo a fim de ser acudida, contudo, o seu pranto causa uma reação em seus familiares que se mobilizam para suprimir o seu incômodo devido ao contágio que as emoções provocam.“O contágio das emoções [...] decorre de seu poder expressivo, sobre o qual se fundaram as primeiras cooperações do tipo gregário”. (WALLON, 2010, p. 71).                                                                                                                                                                                                                                                                
Segundo a teoria Walloriana, as emoções são inerentes à sobrevivência da espécie uma vez que a sua relação com o adulto garante a supressão de suas necessidades básicas e contribui para o seu desenvolvimento saudável. A fase compreendida entre 0 a 1 ano de idade é nomeada pelo autor como impulsivo-racional, nesta fase é notória a expressividade da criança como principal meio de comunicação entre ela e o adulto.
Wallon acreditava que é por intermédio das emoções que a criança se relaciona com o mundo, constrói a sua inteligência e a sua personalidade. Quando uma criança manifesta seus sentimentos através da birra, muitas vezes, o adulto não entende que essa é uma reação normal, que favorece a construção de sua identidade, por isso, não adianta tentar argumentar racionalmente com a criança num momento de crise como esse, a emoção tende a alterar a capacidade de raciocínio lógico do sujeito e alteram o seu comportamento visto que o corpo da criança encontra-se em uma turbulência emocional. Essas manifestações emocionais fazem parte da construção do “eu” da criança, que vai se delineando pouco a pouco.
A medida que a criança cresce ela se torna mais racional e as emoções tendem a ser controladas tornando-se, muitas vezes, coadjuvantes no seu processo de interação com o mundo: cria-se, então, uma dualidade entre emoção e razão. É difícil pensar racionalmente quando o corpo está imerso em reações químicas causadas pela excitação que as emoções causam, por isso, o uso racional de nossas faculdades mentais é tão valorizado por nossa cultura.

Todavia, Wallon acreditava que as emoções precedem a linguagem e  representam a primeira forma de comunicação social do indivíduo. Para ele, é este diálogo entre o biológico e o social que conduz o ser humano ao desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. 

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