Os estudos de Wallon buscam entender o sujeito em sua completude, pois
para ele é difícil dissociar as áreas ligadas ao intelecto da afeição e do
movimento no que tange o estudo do desenvolvimento humano. Segundo o autor,
entende-se como afetividade os sentimentos de ordem psicológica tidos como
“ponto central para a construção da pessoa”, já as emoções representam um campo
da afetividade cuja causa é orgânica, ou seja, em um primeiro momento sua
manifestação não é racional, apenas uma resposta do corpo a impulsos e espasmos.
A teoria Walloriana diz que o sujeito é um ser social modelado
através da relação com os seus familiares e com a sua cultura, tendo a emoção
um papel pertinente na construção dessas relações. Além disso, ele também é
biológico sendo seu o desenvolvimento físico afetado pelas emoções uma vez que
estas alteram a sua respiração, seus os batimentos cardíacos e,
consequentemente, o seu tônus muscular. Esse movimento de reciprocidade entre
emoção e o movimento do corpo são condições essenciais para o desenvolvimento
do sujeito. Segundo o autor, “o corpo toma forma e consistência através das
emoções”.
Em um primeiro momento, as emoções do sujeito são meramente orgânicas,
ou seja, são frutos de espasmos e reações de um corpo em desenvolvimento. Por
exemplo, o espasmo do intestino nos primeiros meses de vida da criança provoca
o seu choro, mas ela não tenciona fazê-lo a fim de ser acudida, contudo, o seu
pranto causa uma reação em seus familiares que se mobilizam para suprimir o seu
incômodo devido ao contágio que as emoções provocam.“O contágio das emoções
[...] decorre de seu poder expressivo, sobre o qual se fundaram as primeiras
cooperações do tipo gregário”. (WALLON, 2010, p. 71). ![](https://nova-escola-homologacao.s3-sa-east-1.amazonaws.com/f7YbZZwWgX9UMFSrTrUBc7uamAcnUD7FfykUYBEKvrGqDduQUdsQTkpfvkgz/ne-247-corpo-henri-wallon-conceito-emocao-fala-emocoes-criancas.jpg)
![](https://nova-escola-homologacao.s3-sa-east-1.amazonaws.com/f7YbZZwWgX9UMFSrTrUBc7uamAcnUD7FfykUYBEKvrGqDduQUdsQTkpfvkgz/ne-247-corpo-henri-wallon-conceito-emocao-fala-emocoes-criancas.jpg)
Segundo a teoria Walloriana, as emoções são inerentes à sobrevivência da
espécie uma vez que a sua relação com o adulto garante a supressão de suas
necessidades básicas e contribui para o seu desenvolvimento saudável. A fase
compreendida entre 0 a 1 ano de idade é nomeada pelo autor como
impulsivo-racional, nesta fase é notória a expressividade da criança como
principal meio de comunicação entre ela e o adulto.
Wallon acreditava que é por intermédio das emoções que a criança se
relaciona com o mundo, constrói a sua inteligência e a sua personalidade.
Quando uma criança manifesta seus sentimentos através da birra, muitas vezes, o
adulto não entende que essa é uma reação normal, que favorece a construção de
sua identidade, por isso, não adianta tentar argumentar racionalmente com a
criança num momento de crise como esse, a emoção tende a alterar a capacidade
de raciocínio lógico do sujeito e alteram o seu comportamento visto que o corpo
da criança encontra-se em uma turbulência emocional. Essas manifestações
emocionais fazem parte da construção do “eu” da criança, que vai se delineando
pouco a pouco.
A medida que a criança cresce ela se torna mais racional e as emoções
tendem a ser controladas tornando-se, muitas vezes, coadjuvantes no seu
processo de interação com o mundo: cria-se, então, uma dualidade entre emoção e
razão. É difícil pensar racionalmente quando o corpo está imerso em reações
químicas causadas pela excitação que as emoções causam, por isso, o uso
racional de nossas faculdades mentais é tão valorizado por nossa cultura.
Todavia, Wallon acreditava que as emoções precedem a linguagem e
representam a primeira forma de comunicação social do indivíduo. Para
ele, é este diálogo entre o biológico e o social que conduz o ser humano ao
desenvolvimento de suas capacidades cognitivas.
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